terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Recta da Meta"

Esta “Aventura”, na realidade, não teve nada de extraordinário!
Mas para mim, foi uma deliciosa vitória!

Foi como no caso do roubo da corda:  Quando um ladrão foi acusado de ter roubado uma carroça, carregada de bens valiosos, respondeu, que só precisava de uma corda, mas essa estava atada ao cabresto, este estava na cabeça do burro, que estava atrelado a uma carroça e esta estava…, bem, vocês sabem o resto.

Assim foi.

O passo fundamental para concretizar este objectivo, foi quando numa tarde, entrei na oficina do Sr. Machado e lhe fiz “aquela” pergunta:
"- Sr.Machado, a Belvedere, chega a Itália?”

E ele respondeu, sem hesitar:
" - Claro que sim! Vai onde os outro vão!”

A partir daqui, como contei no Prólogo, comecei a imaginar fazer aquilo, que (suponho), nunca foi feito:

Ir de Fiat com mais de 58 anos de idade, ao seu país de origem: Itália!

Podem perguntar-me:
" - Mas não podias ir de outro meio: carro moderno, avião, etc?”

Eu responderia, como naquele comercial:
“ - Poder, podia, mas não era a mesma coisa!”

Não tive qualquer tipo de ajuda material ou “sponsor” para o efeito!

Tive sim, a ajuda psicológica de muitos familiares, amigos e outros, não sem que na primeira reacção, não deixassem de dizer: “ - Tu és louco…” 
(à excepção do meu genro Ricardo, que sempre acreditou, me incentivou e se prontificou a acompanhar-me!)

Eu sei que aquela reacção é normal e aconteceu da mesma forma, ao longo da História, com outros que saíram do anonimato. Esta não era a minha intenção, bem entendido, mas falo nela, só para justificar esta “pequena pré-censura”!

O trabalho que se fez, foi de preparação de todos os pormenores, para evitar surpresas, visto que quando iniciasse a descida da Serra d’Amoreira, estaria por minha conta e risco, apesar de ter a Assistência em Viagem…Felizmente que tudo correu dentro do normal, além do caso da embraiagem.

A Gigi, portou-se MUITO BEM, além do esperado, com um consumo muito moderado de 5,5 litros aos 100 kms. (18,20 Kms/Ltr.)!

Queria aqui testemunhar o meu reconhecimento às seguintes pessoas, ou entidades pela sua intervenção nesta aventura:

Em Itália:

Eng.º Dante Giacosa, (03/01/1905-31/03/1996) por ter colocado na prancheta e depois na rua, uma viatura popular, que deu provas de fiabilidade e sentimento de liberdade a muitos utentes, durante muitos anos. Acredito que, esteja onde estiver, estará com um sorriso a concordar com isto mesmo...

Enrico Bragatto (0039-0421800007): “Pai” da GIGI, ao colocá-la no “eBay”, por desistência de restauro, descrevendo-a com exactidão, o que facilitou a licitação.
Recebeu-nos muito bem em Salute e Caorle.

Roberto Picolli, (Época Car – 0039-0421311659): Pela amizade demonstrada após contacto comercial. A forma como fomos recebidos em Caorle, foi fantástica, apesar de muito ocupado com a organização da “sua” Fiera”!

Steffano Tano, (0039-051324358): Grande conhecedor de Topolinos, apesar de estar muito ocupado em preparar o “embarque” das suas peças para a Fiera, não deixou de me prestar o apoio para resolver o problema da embraiagem, para seguir em segurança o resto da “aventura”. Igualmente, durante a Fiera, deu-me ajuda em escolher as peças, junto dos outros vendedores, mais adequadas aos meus modelos de viaturas.

Biagioni Amans, Que em Fabriche de Bagni di Lucca, nos descansou com o seu veredicto acerca da fumarada, ao descer o Abetone. Obrigado, igualmente pela visita à sua garagem MUITO bem recheada!

Gobbo Giovanni, (0039-0434631243): Pela sua ajuda em escolher os acessórios e peças mais adequadas na sua bancada, na Fiera e pelos seus conhecimentos transmitidos.

Nicola, (sócio 45 do Club Amici Topolino Belluno), pelo seu entusiasmo e espírito de ajuda demonstrados em Maranello.

A todos os italianos, espanhóis e não só, que nos saudaram por todo o lado e apoiaram com palavras de incentivo e felicitações.

Pedido de desculpas: Aos dois ciclistas da etapa do Abetone… (kof! kof!)


Em Portugal:

Sr. José Machado: (00351-916517761), mecânico “multi-marcas”, que me ajudou e incentivou nesta aventura, nunca deixando de estar presente, inclusive como mecânico “online”.
Fez um trabalho excelente!

Sr. Ventura: (00351-265896677), mecânico de Pegões, que nos “revelou o segredo”, como afinar a embraiagem e que nos “salvou” de uma chamada para a "Assistência em Viagem” em Sitges, Espanha…

Sr. João “Torneiro” Oliveira: (00351-244836156) mecânico e amigo de longa data, meu conselheiro, que me desvendou alguns segredos desta mecânica.

Ricardo: Meu genro, AMIGO, co-piloto, navegador, “caterer”, “online adviser”, “GPS operator”, Editor de Blog, e… MECÂNICO! (esta faceta, não conhecia).
Se não estivesse presente, nunca “isto” tinha acontecido!

Aos meus amigos, que são muitos, mesmo com a tal “pré-censura”, que me deram o apoio que necessitava.

À minha família, que me apoiou desde a primeira hora, acreditando que apesar de ser uma “loucura”, não deixou de acreditar que seria (mais) um sonho realizado!

E… Finalmente, à GIGI, por se ter “aguentado”, nesta prova tão longa, tendo em conta a sua vetusta idade, apesar de restaurada, se portou como uma verdadeira “Signora”!

Para todos vós, que seguiram este “blog”, o meu obrigado, pelo tempo dispendido e despeço-me com um “até breve”! 


Quem sabe, na próxima… “gigimaisumaaventura”!!!



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domingo, 9 de outubro de 2011

12ª Etapa


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12ª Etapa: Salamanca - Lisboa (Casa), 8h25mn, 456 km


Dia 29 de Setembro de 2011. Dia de regresso a casa.

Mais um dia fantástico. Tivemos muita sorte com o tempo, durante toda esta aventura, apesar das previsões nos terem ameaçado, pelo menos três dias de chuva e algumas trovoadas. Ainda bem que São Pedro estava distraído…

Mais uma vez, levantei-me mais cedo e como o meu herói da Banda Desenhada "Lucky Luke", fui tratar primeiro da minha “Jolly Jumper”, antes de ir tomar o meu pequeno almoço.

Fui abordado por alguns hóspedes que estavam a sair do hotel, que queriam saber a idade, modelo, etc., da nossa Gigi.

Despediam-se com palavras de incentivo.

Entre eles, um português, em viagem para Paris, depois das perguntas habituais, volta-se para mim e pergunta: - “ Então são os senhores que vêm de Itália?”

Espantado, afirmei que sim.

Então ele a sorrir, diz-me:
-“ Sabe, eu sou motorista de longo curso e ontem ouvi numa das nossas frequências de rádio, alguém a dizer: - “É pessoal, se virem por aí, estrada Logroño - Lisboa, uma carrinha Fiat, antiga, com matrícula portuguesa, são dois portugueses que foram e estão de volta de Itália! Dêem-lhes uma força! Estiveram a almoçar connosco no Ferry Livorno-Barcelona!

Não queria acreditar!
Então os nossos companheiros de viagem, lembraram-se de nós?

Agora, já sei porque alguns motoristas se “excediam” nas saudações que nos fizeram durante a jornada do dia anterior…!

Muito obrigado pelo vosso apoio, caros “companheiros do asfalto”!

“Nos pequenos gestos se fazem grandes acções!” (Esta é da minha autoria)

Assim que tomámos o pequeno-almoço, pusemo-nos a caminho.


Ainda verificámos a pressão dos pneus, e afinou-se novamente a polie da ventoinha.
Tudo afinado, e fizemo-nos à estrada.

Reabastecer a nossa Gigi, com gasolina espanhola, que ficou a menos 0,44 € por litro, do preço em Portugal!!!
Como somos ricos…


Acerca dos custos não posso deixar de referir que nas tradicionalmente "caras" auto-estradas italianas, pagámos de Firenze a Bologna (E-35) – 130 kms, a mesma importância que de Torres Novas/Lisboa (A1) - 79 kms.!!!

Em Espanha: zero!!!

Continuamos a pensar, para onde vai o nosso dinheirinho?

Mas “vamos em frente, que atrás vem gente”! (Esta não é da minha autoria).

11:00 - 59.775km - Entrámos em Portugal

Além do video, ainda tivemos tempo para uma foto oficial da entrada no nosso "cantinho à beira mar plantado":


Na zona do Fundão, como a fome apertava e a Gigi estava nas suas duas horas de andamento, parámos no “1º de Maio”, um restaurante nosso conhecido, onde nos deliciámos com as especialidades da “nossa terrinha”!

O calor apertava! Nos placares anunciavam-se 32º!

A Gigi estava a “esticar-se” e por vezes marcava a estonteante velocidade de 90km/h!
Tirava o pé do acelerador, mas passados alguns quilómetros lá estava ela, irrequieta, a querer chegar depressa a casa.

"Desengatada" e colada nos 110km/h... a descer!

Seriam as saudades?

Quando estava a iniciar a subida da Ribeira da Asseca (A1), depois das portagens de Santarém, teve dois pequenos desfalecimentos, que me preocuparam, pois o ponteiro da pressão de óleo, baixou!

Continuei a subir, reduzindo a velocidade e fazendo o resto da subida em terceira e quando atingimos a zona plana, encostámos e deixei-a ficar a trabalhar ao ralenti durante uns segundos, desligando-a de seguida.

Por uma questão de segurança, colocámos o triângulo e vestimos os coletes. Telefonei para o Sr. Machado, nosso mecânico “online”, e expliquei-lhe o “afogueamento”.

Ele descansou-me, dizendo para ficar uns minutos a deixar que arrefecesse um pouco e que experimentasse de novo a por em funcionamento.

Se a pressão subisse, tudo bem. Podia seguir.

Assim fiz. Pus a trabalhar e a pressão começou a subir para os 2,5 kgs.
Temos Gigi, de novo!

O barulho, do veio da ventoinha, começava a aumentar e como ainda estávamos a cerca de 60 kms de casa decidimos parar na Área de Serviço de Aveiras, para esticar pernas e onde verificaríamos como se estava a portar.

Tudo bem!

Depois disso, ao fim de 3.670 Gloriosos Kms, chegámos a casa!

Uma calorosa recepção!
A Gigi, foi apreciada e enaltecida e os “resistentes”, também!


29 de Setembro de 2011, 18:45h, 60.126km


A seguir, farei um capítulo com as conclusões e agradecimentos a quem interferiu nesta “AVENTURA”.


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11ª Etapa


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11ª Etapa: Lleida - Salamanca, 12h, 670km

No dia seguinte, depois do pequeno-almoço, fomos actualizar mais umas páginas deste blog, já que o “Wi-Fi”, era excelente.



Depois de verificar como estava a Gigi, rectificando os níveis de fluidos para a viagem, voltamos à estrada com direcção Zaragoza.
A temperatura exterior estava a atingir níveis elevados, mas a Gigi não se queixava.

Antes de Logroño, parámos para almoçar e dar descanso às “entranhas” da Gigi.

Passámos pela “Capital dos Caramielos” (Logroño) e depois entramos nas serras e vales da zona de Rioja.
Aqui, pela primeira vez, estivémos numa situação eminente de acidente, provocado pela ultrapassagem de um francês, que de maneira alucinada, cansado de ir a rolar em caravana, se meteu entre o camião que ía à nossa frente e outro que surgiu na curva, vindo de frente. Por isso chamam àquele troço a "Estrada da Morte"...
Felizmente que ambos os motoristas de pesados travaram a fundo e... foi por um triz!


Chegámos a Burgos.

A partir daqui passámos a rolar em Autovia.
Como sempre o trânsito era intenso.

Um facto curioso era que quando alguns camiões portugueses passavam por nós, buzinavam repetidamente, acendiam luzes e piscas, excedendo as manifestações que recebíamos de quase todos que nos ultrapassaram, incluindo alguns espanhóis. Ficámos intrigados com tamanha diferença de actuação…(?)

Passámos por Palência, Valladolid, e com a ajuda do nosso Miguel, em Lisboa, reservámos hotel para lá de Salamanca, onde chegámos perto das 23h00.

Neste dia, batemos o record da distância: 670Kms, em 11h00 (09h30 tempo útil)!

Quando saímos, para a recepção do hotel, tivemos de “aprender a andar” por alguns instantes…

Jantámos um "Dos Toque" (tradução livre: "bitoque") e mais tarde, fomo-nos recolher para a derradeira etapa desta aventura.

Estávamos cansados, mas nada com que não pudéssemos lidar!


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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

10ª Etapa


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10ª Etapa: Viagem de Ferry (20h00) Livorno/Barcelona + Barcelona Lleida, 2h10mn, 160km

Saída de Livorno às 23h00.

A noite a bordo foi repousante, apesar da apreensão provocada pela “secura” da Gigi…
A manhã estava soalheira e bastante agradável. O tempo foi “gasto” em leitura de livros adquiridos na Fiera de Caorle e do meu inseparável Sudoku.


Quando se estava a aproximar a hora de almoço, sondei um grupo de camionistas portugueses(mais uma vez), para lhes pedir opinião acerca do trajecto de regresso.
Havia várias opiniões e desenvolveu-se uma pacífica discussão, à volta dos mapas espalhados em cima das mesas.

Até que surgiu uma opinião/sugestão, que na altura, não me passaria pela cabeça: “subir” por Lleida, Logroño, Burgos, Salamanca e “descer” pela A23, até Lisboa…!

Seriam só mais 30 kms, mas teria menos acidentes de terreno, como tivemos na viagem de ida.
Optámos por essa sugestão.

Ainda estivemos em franca conversa e acabámos por ser convidados para almoçar à mesa dos nossos compatriotas camionistas.
Ficámos à conversa, depois do almoço, ouvindo os desabafos de uma classe e das suas histórias, que são muitas, apesar de serem vividas, normalmente, na solidão da cabine dos seus camiões.
Ficaram encantados com a nossa aventura e desejaram-nos uma boa viagem.

(Nota do Autor em Fevereiro de 2012: Facto curioso, foi que o nosso Ferry atracou ao lado do belíssimo Costa Concórdia, navio de cruzeiros que sofreu um naufrágio, em 13 de Janeiro de 2012, junto à Ilha de Giglio, ao sair de Civitávechia, em Itália.)

Quando o Ferry atracou, cerca das 19h30, tivemos de deixar que todos desembarcassem e… lá saímos nós, a empurrar a nossa “seca” Gigi, para terra firme.

Felizmente que o terreno era plano e, depois de empurrar a nossa pequena, mas cada vez mais pesada Gigi, saímos do Moll Costa, e ao fim de cerca de dois quilómetros, arrumámos entre vários camiões que estavam a aguardar embarque para outros destinos. Parecia o pequeno David no meio de um exército de Golias…!

O “nosso” Pepe, ofereceu-se como voluntário para ir buscar o precioso líquido, num saco próprio para o efeito. Ao fim de meia hora apareceu, fintando os “Golias”, que aumentavam a toda a hora, cercando-nos.

Com os três litritos, chegámos a uma bomba de combustível, onde saciámos a sede da nossa montada.

Saímos de Barcelona na direcção de Lleida (Lérida).

Apesar das subidas a Gigi estava em pleno de força e entusiasmo!
Ao fim de uns bons 50/60 kms, comecei a ouvir um ruído, em crescendo, vindo motor.
Na próxima área de serviço, encostámos e com o motor a trabalhar, verifiquei que a causa vinha do veio da ventoinha.
Depois de um reaperto seguimos caminho, com as eternas subidas, que apesar de pronunciadas, sempre eram melhores que as de Valência e do Embalse de Contreras.
Quando estávamos a contornar Lleida pela A2, achamos ser melhor “encostar” para dormir e descansar a nossa Gigi.

Até a este local tínhamos feito 160 Kms, desde Barcelona, culminando nos 59.000km.


Ficámos num Hotel de estrada, simples mas que servia perfeitamente.

Depois de jantarmos num restaurante de buffet chinês nas imediações,porque os outros já tinham encerrado, fomos descansar e pensar como seria a nossa (longa) etapa do dia seguinte.


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sábado, 1 de outubro de 2011

9ª Etapa


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9ª Etapa: Maranello - Livorno, 213km, 9h15mn

Mais um dia radioso!

Enquanto o “Pepe Riotcha”, ainda estava nos "braços de Morfeu", aproveitei para ir dar de beber à Gigi, verificando os níveis e as condições para a viagem de hoje, que se iria apresentar com algumas (grandes) dificuldades.

Depois de tomado o pequeno-almoço neste óptimo Hotel temático, fomos para o Museu da Ferrari.


Palavras para definir o que vimos, só quatro bastam:: “Têm que lá ir”!


É indescritível!


Sem vergonha, posso confessar, que quando entrámos na sala em anfiteatro, onde estão expostos os últimos modelos de F1, junto aos capacetes e fotos dos campeões do Mundo pela marca, senti um arrepio e até fiquei comovido...!


Não é fácil, numa fracção de segundo, sentir as emoções que se viveram durante uma vida a vibrar pela “marca do cavalinho”.

Do F40 ao Enzo, do 308 GTO ao 458 Italia, do F1 do Alain Prost aos fatos do Gerhard Berger, Niki Lauda, Gilles Villeneuve, entre outros, respira-se emoção.

Uma parede inteira com as evoluções dos vários motores F1, assim como os modelos para estudos aerodinâmicos é algo que nos parecia inatingível.


Pelo meio, deu para posar junto do 275 GTB4 de 66!

E de um Daytona...

Ah... e já falei no 599XX, com V12, 5.999cc de 700cv?

Pepe, junto do "seu" GTO!


No museu o tempo passou (rápido demais) e quando demos conta, já era quase meio–dia…

 Ficam as memórias...

Na loja do Museu, verificámos que os preços dos produtos até nem eram mais caros que na concorrência exterior.

Eu não podia passar sem comprar um Ferrari em Maranello, e assim fiz.
Pena que seja na escala 1:18…

 Neste caso um modelo com a minha idade: Ferrari 125 S de 1947.


 Ainda “firmámos contrato” e comprámos mais dois para os meus netos (grandes admiradores da marca).


De saída, ainda pensámos em alugar um Ferrari 599 Fiorano,que ficaria a cerca de 60 Euros por dez minutos, mas o tempo estava a encurtar…

O Pepe pediu para deslocar a Gigi, para a frente do Museu, num passeio de acesso ao mesmo para tirar uma fotografia.


Quando me estava a preparar para voltar à estrada, um carro italiano bloqueou-me a passagem de frente!

De lá saiu um individuo com as mãos no ar, parecendo zangado, como se lhe estivesse a passar por cima do jardim em flor…

Quando se dirigiu a mim, puxa de um cartão, com uma foto, e eu a pensar:
Ainda por cima deve ser da “secreta”… Estamos tramados!

E então de forma entusiasmada, diz:
“Salve io sono Nicola, associato nº 45 del  "Club Amici Topolino de Belluno”!

Fiquei aliviado, pois não me estava a agradar nada a ideia de perder o “ferry” e ir dormir à pildra da “secreta”…  

O entusiasmo do nosso Nicola, era enorme!

Queria que fosse a casa dele, ou que em alternativa, fôssemos tomar uma bebida, enfim estava deveras extasiado por ver uma “Belvedere” portuguesa, em terras Italianas…

Ficou “de boca aberta”, com a nossa aventura.
Ligou de imediato para a Presidente do Clube, a quem me passou o telefone e com quem trocámos saudações.

Trocámos também números de telefones, “e-mails” e demos os blogs relacionados com a Gigi.

Como estávamos com alguma pressa, o nosso Nicola, prontificou-se em guiar-nos para fora da cidade e aconselhar no melhor caminho para vencer o “Abetone” (1.380mts.), no nosso trajecto Maranello – Lucca – Pisa– Livorno.

Despedimo-nos daquele grande aficionado de Belvederes (ele tem uma e um Topolino), além de muito simpático e prestável.

Grazie, Nicola!

Gigi nos Apeninos

A subida iniciou-se muito bem, com óptima estrada, maravilhosas vistas, campos verdes, sem ter necessidade de “meter” a terceira velocidade, mas a certa altura, a Catarina (GPS), insistiu, dizendo que deveríamos virar à direita.

Em má hora lhe fizemos a vontade.

Deparámo-nos com uma estrada, ao fim uns duzentos metros,com umas descidas e subidas, que mais parecia a montanha russa de qualquer feira estival… Numa vez, tive de me “pendurar” nos travões, caixa, travão de mão, etc., para não ter de entrar pela traseira de uma “Trackar” que nos precedia…

Foi um susto!

Enquanto não nos livrámos daquele sobe-desce, não descansámos!

Finalmente chegámos a um bom piso, mas tínhamos perdido o caminho ensinado pelo Nicola…


Só ao fim de uma boas duas horas, depois de passarmos montes e vales (LINDÍSSIMOS), chegámos a Lama Mocogno, que era, esta sim, uma povoação a caminho do Abetone. Parámos para uma bebida e ligeiro snack.

Voltámos ao “ataque” do Abetone, onde finalmente chegámos depois de incontáveis mudanças de caixa com “primeiras e segundas” (não sincronizadas).


Depois da foto de circunstância, iniciámos a descida.

Avisaram-nos dos perigos, pois descíamos 1.200mts em cerca de 15 quilómetros!
Tínhamos de usar mais motor que travão.
Apesar da Gigi estar equipada com DOT 5, no circuito de travões, não é de fiar e assim fiz.

A determinada altura, Ricardo avisa: -“ Acidente”!

Ao chegar a uma curva “em clip”, (pior que em cotovelo) verificámos um acidente provocado por um Austin Healey 3000/MkIII, que, suponho por falta de travões, seguiu em frente, chocando de frente com um Citröen C3, destruindo este seriamente, ficando aquele com o lado esquerdo frontal metido dentro. Não se viam feridos e a polícia já estava a tomar anotações. Acontece…

Durante a descida notava que, quando dava um pouco de acelerador, à saída das curvas, saía uma nuvem de fumo do escape, engasgando dois ciclistas, que vinham "picados" connosco, que nos queriam ultrapassar, (mas faltava-lhes pulmão!!!).


Coitados.

Ainda devem estar a desentupir os “filtros”… (kof-kof)!

Quando atingimos níveis aceitáveis ao navegar junto a um rio, na povoação de Fabriche de Bagni di Lucca, vimos a traseira de um Topolino num velho galpão/oficina. Voltámos atrás e fomos falar com um "vechio mecanico", para perguntarmos o porquê da fumarada, na descida.

Explicou-nos que devido às marchas baixas e da inclinação do traçado e ainda de rotações fora do normal, provocava esse efeito. Ficámos mais descansados.

Convidou-nos então, para irmos ver uma outra Belvedere ("condenatta"), a sua casa, distando 50mts abaixo.


Lá fomos e quando não é o nosso espanto, que além de nos mostrar uma Belvedere de 54, só com 2.035 Kms de nova (!), tinha mais 5 Topolinos e um “B”. 
Que visão!

A razão da Belvedere, ainda na rodagem, tinha a ver com uma emigração para os States, logo após a compra, e, mais tarde com um evento bastante triste na sua vida familiar.

Despedimo-nos, porque o tempo para o embarque estava a ficar curto.

Depois de Lucca, entrámos em Pisa, para o Ricardo verificar como a instabilidade de um (grande) objecto - a Torre de Pisa -, pode ser estável.


Mais uns instantâneos para recordar e fomos para Marina de Pisa, para a última refeição na “Bota da Europa”.

Um jantar de marisco e peixe, foi uma boa opção.

Com duas horas para o embarque e com 12 kms pela frente, chegámos ao Porto de Livorno com as coordenadas do GPS.

Quando íamos a passar pelo pórtico de acesso, o funcionário informou-nos que o ferry para Barcelona era do outro lado da refinaria.

Voltámos para trás e quando estou a fazer a curva, acende-se a luz da reserva!!!
Pensei:
Ainda temos cerca de 5L no depósito, como tal dá para abastecer em Barcelona ao sair do “ferry”.

Andámos às voltas, passámos por uma bomba de combustível, optando por não abastecer, por ser mais barato em Espanha, até finalmente, e ao fim de uns 5 a 6 quilómetros chegarmos ao porto de embarque!

Finalmente!

Fiz o check-in e quando vou a pôr a Gigi a funcionar, foi-se abaixo…
”Mau, estás com saudades da tua terra de origem?" Pensei eu.

De novo, trabalhava mais uma ou duas rotações de cambota e…puff!
Só faltava mais esta…

A 20 metros do ferry e sem uma gota de gasolina!
Lembrei-me que em Bologna, a bóia foi reajustada, mas pelos visto, mal!


Conclusão: com a ajuda dos funcionários da “Grimaldi Lines”, empurrámos a Gigi para dentro do ferry e ficou logo à entrada, arrumada a um canto, junto ao “Panda” do Comandante (que não se comoveu, quando lhe tentei comprar um litrito do precioso líquido, para a saída em Barcelona).

A Gigi, ficou a descansar, enquanto subimos para arrumar a nossa tralha e ir descansar, já que a aventura do Abetone, deu cabo de nós!

Até amanhã.


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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

7ª Etapa / 8ª Etapa


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7ª Etapa: Caorle / 8ª Etapa: Caorle - Maranello, 7h45mn, 293 km

Hoje, é dia de ir à "Fiera"!

Deixamos a Gigi no parque do hotel e fomos, cerca de 10 minutos a pé, até à Feira.

Pagámos o ingresso (6€) e telefonei para o amigo Roberto, que estaria ocupadísimo, pois esta feira é organização sua (Epoca Car).
Disse-me para esperar por ele junto à entrada.

Quando chegou, fez uma festa. Satisfeitíssimo por termos chegado com a Gigi, vindo de tão longe.
Perguntou-me onde estava "ela".
Quando lhe disse que estava no parque do Hotel, pediu-me para a ir buscar, pois queria pô-la em lugar de realce, em exposição na feira.

Entregou-nos duas braçadeiras de livre circulação.
Ofereci-lhe duas garrafas de Vinho do Porto e outra de Vinho Verde.

Fomos buscar a Gigi.
Quando chegámos, ao parque da feira, já o "staff" estava à espera, dispondo de um lugar estratégico, perto das viaturas que estavam em venda.


O Roberto escreveu um cartaz muito engraçado, que colocou no pára-brisas, publicitando a origem daquela viatura.

"Ciao, io mi chiamo "Gigi" e sono molto stanca
perché sono venuta da Lisbona - Portugallo!
Lasciatemi riposare perché domani devo tornare! 

(Viva, chamo-me "Gigi" e estou muito  cansada, porque cheguei de Lisboa - Portugal! Deixem-me descansar, porque amanhã devo regressar!)

Era, sem dúvida, uma das atracções da feira, a julgar pela quantidade de curiosos que se acercavam dela, deixando mensagens de apoio, de espanto pelo arrojo e até de convite para estar presente noutras feiras (sem a Gigi, claro!).

Era comum, quando passeavamos na feira, como estavamos identificados com uma "t-shirt" da "belvedere", perguntarem:
-"Vocês são os tais, que vieram de Portugal?"

Na Feira, andámos à procura de acessórios que faziam falta.
Havia muita coisa, principalmente acessórios de viaturas automóveis italianos e de motociclos,Vespas, Lambretas, Cucciolos, etc..
Esta feira não tem a dimensão de outras, como de Imola ou mesmo de Padova, mas tinha quase tudo.
Ainda enchi uma mochila de peças que me faziam falta e de acessórios que convém ter de reserva.

Mas a finalidade desta (grande) viagem não foi só para comprar peças, mas sim, mais importante, fazer contactos com comerciantes, para futuras necessidades, e ainda, mais um teste/homenagem à fiabilidade de viatura antiga, que apesar de ter, nesta altura a vetusta idade de 58 anos (!), demonstrou, até agora, que vai onde vão as outras mais modernas, com relativo conforto e economia notável.

Na feira, encontrámo-nos com o amigo Tano, de Bologna, que nos vendeu alguns dos acessórios em falta, como nos ajudou a escolher acessórios de outros colegas dele. Grazie, Stefano Tano.

O "pai" da Gigi, Eurico Bragatto, encontrou-se connosco, e apresentou-nos a amigos dele, que já sabiam da nossa história/aventura.

Na feira, visitámos o Pavilhão Abarth.




Que espanto! Cerca de 30 viaturas, algumas delas que só vimos em revistas ou no ecrã dos cinemas ou televisão e que fizeram reviver os anos 60/70.


No exterior, havia uma exposição de camiões antigos, onde se destacavam alguns camiões Lancia e uma camionete Fiat, da mesma cor da Gigi , em perfeito estado de conservação/restauro.


Gostaríamos de ver o seu motor, mas o proprietário não estava por perto...

Mais tarde, recolhemos ao hotel, com as pernas e pés a pedirem descanso, mas com uma grande satisfação por ali estarmos.

No dia seguinte, lá voltámos e apesar do convite do Roberto para ficarmos até mais tarde, tínhamos de iniciar a viagem de regresso, com muita pena nossa.

Ainda comprei mais alguns itens, para o "Gigio" (o Topolino, que ficou em casa), que estavam em falta.

O Roberto despediu-se de nós, visivelmente comovido, agradecendo a presença e selou com a oferta de um vinho Lambrusco.

Quando já vinhamos a caminho, deixando Caorle, encontrámos uma concentração de viaturas antigas, onde estavam duas "belvederes", dois "topolinos" e outros da mesma idade. Fizeram-nos uma festa e até nos convidavam para almoçar, o que declinámos, por termos o tempo um pouco justo.




Eles já sabiam da nossa aventura...
Estranho...
Porque seria???


De Caorle saímos para Maranello, para visitar no dia seguinte o Museu da Ferrari, pois quando por lá passámos na sexta-feira, já estava fechado, como se lembram.


A viagem até Maranello, recomenda-se, indo por estradas secundárias,
 "Villas" (solares) de sonho, quintas e vinhedos,  etc.. 

Durante estes quilómetros feitos pelo campo, tivemos o ensejo de "cheirar" algo que me trouxe às recordações de infância.
Antigamente o cheiro a vacarias, não era como hoje.
Não sei se será por causa das rações para gado, mas "aquele" cheiro, não é nada desagradável. Parece que é um misto de feno e leite!
Difícil de descrever, mas que me fez lembrar as minhas estadias, quando miúdo, na quinta da minha tia, no Alto-Vieiro, em Leiria.

Almoçámos numa pizzaria (louca) a "Shock" de Oria.

Fizemos reserva no "Maranello Village" (Museu temático da Ferrari), onde chegámos pela noite.
O Hotel é uma maravilha para os amantes da Ferrari, e não só!

Na recepção um F1 de 2009 repousa por cima do Recepcionista ...

Depois de malas nos quartos, no edifício Daytona, fomos jantar fora, porque o "Padock", restaurante temático do Hotel, estava encerrado para descanso do pessoal.

O jantar no restaurante Lo Smeraldo frequentado pelos "society" Ferraristas, foi belíssimo e requintado.

Embalados com o "cantar" de F 40 ou 250 GTO, adormecemos com um sorriso nos lábios...

Até amanhã.


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